Galinhas em gaiolas são inaceitáveis para 81% dos consumidores no Brasil, aponta pesquisa 3zo61

Publicado em 26/05/2025 09:19 e atualizado em 26/05/2025 10:22

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Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A criação de galinhas poedeiras em gaiolas, um sistema que predomina na produção de ovos do Brasil, foi considerada "inaceitável" por 81% dos brasileiros entrevistados em uma pesquisa encomendada pela Mercy For Animals (MFA), organização global sem fins lucrativos que atua em prol dos direitos dos animais.

A pesquisa nacional, realizada em março pela Ipsos, cujos resultados foram antecipados à Reuters, apontou ainda que mais de 80% consideram que as empresas alimentícias devem apoiar os produtores na transição para sistemas sem gaiolas, menos cruéis à aves.

O levantamento foi divulgado no momento em que o Brasil, maior exportador de carne de frango do mundo, vem aumentando as exportações de ovos para os Estados Unidos -- que está lidando com um aumento nos preços locais dos ovos após surtos de gripe aviária.

O Brasil está também lidando com os desdobramentos do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial, neste mês. Para representantes da organização, sistemas produtivos que oferecem maior bem-estar tornam as aves mais resistentes a doenças, reduzindo riscos.

Embora cerca de 180 companhias no Brasil tenham compromissos públicos de usar ovos de galinhas livres de gaiola -- muitas delas grandes empresas do setor de proteína animal -- estima-se que 95% do total produzido no país ainda venha de aves engaioladas.

"É um movimento global (contra o uso de gaiolas), não apenas no Brasil", destacou a vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da MFA no Brasil, Vanessa Garbini, citando que a pesquisa confirmou uma preocupação dos consumidores.

Ela contou ainda que, das empresas que assumiram compromissos contra o uso de gaiolas, cerca de 120 têm prazo para implementar as promessas neste ano.

Em abril, o grupo M. Dias Branco anunciou que ou a utilizar apenas ovos de galinhas livres, antecipando um compromisso previsto para o final de 2025.

O confinamento de galinhas nas chamadas "gaiolas em bateria" já foi banido em diversos Estados dos EUA e em toda a União Europeia, segundo Garbini.

A organização relatou ainda que 79% dos entrevistados deixariam de consumir marcas que utilizam ingredientes associados ao sofrimento animal, enquanto 83% dos brasileiros se preocupam com o bem-estar animal e 81% com a sustentabilidade dos alimentos que consomem.

Entre os entrevistados, 80% preferem consumir produtos de empresas que adotam práticas responsáveis e que comunicam suas iniciativas de forma transparente ao consumidor.

MESMO COM CUSTOS MAIORES

Uma parcela de 81% opinou que os consumidores deveriam estar cientes da crueldade animal envolvida com os produtos vendidos nos supermercados, e 74% consideraram que restaurantes e supermercados deveriam parar de oferecer mercadorias de tais sistemas mesmo que isso implique aumento nos preços. 

Conforme a pesquisa, 67% afirmam estar dispostos a pagar mais por ovos de galinhas livres de gaiolas.

"O objetivo é fazer com que empresas parem de consumir ovos de galinhas confinadas em gaiolas; no setor varejo, queremos que não vendam ovos de galinhas confinadas", disse Garbini, à Reuters.

A MFA pede que empresas assumam compromissos públicos de mudança de ovos de galinhas confinadas para galinhas livres, e que estabeleçam prazos para isso.

Garbini esclareceu que se as galinhas não estiverem presas nas gaiolas, ainda que fiquem em granjas fechadas, isso já preenche o compromisso de melhorar o bem estar-animal. Ela disse que a MFA apoia a criação com o externo, "mas isso é um o além".   

Para o veterinário Walter Sanchez-Suarez, que atua na MFA, a produtividade em granjas livres de gaiolas "é equivalente", se os sistemas estão "bem estruturados".

"É viável produzir ovos livres de gaiolas para a população brasileira", disse ele, itindo que os custos podem subir no início, mas haveria uma acomodação à medida que houver uma transição no sistema.

(Por Roberto Samora)

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Fonte:
Reuters

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