"Finanças públicas não recomendam medidas como essa", diz economista da Farsul sobre TEC zerada para soja, milho e arroz 2g542c
"Essa é uma medida infeliz", afirma o economista chefe da Farsul (Federação de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul), Antônio da Luz, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta quarta-feira sobre a declaração do Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, César Halum, sobre a medida do Governo de zerar as tarifas de importação de soja, milho e arroz pelo Brasil de países de fora do Mercosul.
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Da Luz afirma ainda que a medida foi definida sem ao menos que os presidentes das Câmaras Setoriais fossem ouvidos, o que causa estranheza. "Se não tivessemos ouvido o áudio do Secretário até, quem sabe, imaginaríamos que não fosse verdadeiro. Mas ouvimos o próprio Secretário fazendo essa declaração e lamentamos muito", diz.
O economista afirma se tratar de uma determinação de efeito nada producente, inócua e inoportuna quando o representante do Mapa afirma que há produtores estariam segurando produto para especular no mercado.
Além disso, explica ainda que a concentração das vendas externas que se deu no primeiro semestre deste ano se deu, entre outros fatores, pela condição favorável de câmbio e também pelos efeitos da pandemia, "que deixou muitos países desabastecidos e o Brasil os abasteceu".
ARROZ
Para o arroz, Da Luz cita anos de preços abaixo dos custos de produção para os produtores do estado, de desestímulo e três anos consecutivos de redução de área e, consequentemente, de uma redução dos estoques nacionais. "Estávamos há anos anunciando que isso iria acontecer e aconteceu. Não sei qual é a surpresa do Secretário", diz.
SOJA & MILHO
No caso da soja, o economista acredita ainda que não há alternativas fora do Mercosul onde o Brasil pudesse trazer produto, principalmente depois das perdas consideráveis dos EUA na safra 2019/20. Paraguai, de onde o Brasil já importou 455 mil toneladas de janeiro a meados de agosto, e Argentina estão no Mercosul e também não exigem isenção da TEC.
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"E o mesmo vale para o milho. Estamos colhendo uma segunda safra maravilhosa, e não vejo de onde vamos tirar. Dos EUA? Da Europa? Não vem", explica.
CÂMBIO E CONDIÇÃO FISCAL
A questão cambial e os atuais patamares do dólar seriam mais um entrave para tais importações. Nesta quarta-feira, a moeda americana voltou a superar os R$ 5,60 com alta superior a 1%.
Mais do que isso, Da Luz explica que a atual situação econômica e fiscal do país não permite tal medida.
"Para mim será uma grande surpresa se a Camex topar fazer isso (a votação acontece nesta quinta-feira, 27) e se o Ministério da Economia se posicionar a favor isso, porque as finanças públicas não recomendam medidas como essa neste momento. Vejo com muita dificuldade do ponto de vista fiscal uma ideia como essa prosperar".
Uma vez que a Camex autorize a medida, a mesma é publicada no Diário Oficial e a a valer imediatamente.
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